22/01/10

Os tomates no sítio (ou a falta deles)

Não sou jornalista nem conheço em detalhe o código deontológico que rege esta profissão.
Mas tenho o que se costuma chamar "dois dedos de testa". O parecer do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas sobre as "escutas" de Belém, que merece ser lido na íntegra, é um bom resumo de tudo o que se passou à volta desse assunto.
O que quero realçar é a falta de coragem do mesmo nas suas conclusões no que respeita ao DN, que passo a citar:
"Os jornalistas do «Diário de Notícias», particularmente o seu director, merecem reparo por não terem observado de forma mais rigorosa a qualidade de uma notícia sobre um aspecto controverso, quer na sua matéria quer na origem dos factos. A urgência da publicação não pode derrogar o cumprimento dos diferentes requisitos profissionais, nomeadamente os que se referem às fontes."
Isto, no mesmo texto em que confirma que a fonte da notícia foi Fernando Lima e que o email do Público é "existente e genuíno". Porque é que o DN merece um reparo, embora ninguém tenha desmentido as informações por ele veiculadas nem negado a relevância pública do assunto? Quando nem sequer viola nenhum ponto do Código Deontológico, ao contrário do "Público" que viola vários?
É o políticamente correcto, critica-se uma parte (com razão no caso do "Público"), portanto fica bem fazer "reparos" à outra parte, só para dar um ar de  alguma imparcialidade. Ora porra, a isto eu chamo falta de tomates, porque uma análise isenta terá sempre de ser também uma análise corajosa.

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