06/01/10

Ser de esquerda

Esta notícia é um bom resumo da actual situação política portuguesa. Algo que me entristece profundamente.


Os partidos à esquerda do PS, de há uns anos a esta parte, preocupam-se exclusivamente com o seu umbigo. Excluem à partida qualquer tipo de negociação, bem patente na posição do BE em relação ao orçamento de estado: tem "pouca expectativa sobre a real disponibilidade negocial do Governo". O PCP "reclama uma mudança completa de políticas para “inverter um caminho que se revelou desastroso para o país”". Os sindicatos preocupam-se mais com os interesses deles próprios que os dos trabalhadores que supostamente representam. Tudo em nome do reforço eleitoral. O problema é que os seus eleitores vêem os seus votos desperdiçados, porque estes partidos dão oportunidade à direita para influenciar as decisões do governo. E ainda terão o desplante de dizer que Sócrates não é de esquerda, porque negoceia com PSD e CDS, mas que outra alternativa lhe resta?

O partido comunista espanhol dá o seu apoio ao governo de Zapatero por dois motivos, para impedir que os radicais de direita do PP voltem a governar e influenciar algumas das decisões do executivo. Os seus meros 2% influenciam mais a política espahola que os mais de 15% dos votos do PCP e BE em Portugal.

Sou de uma área ideológica mais próxima destes dois partidos, mas não pactuo com a irresponsabilidade pela qual pautam a sua actuação. Na minha opinião, Sócrates é o primeiro ministro que mais medidas de esquerda fez aprovar na nossa históra recente e seria bom que agora, sem maioria absoluta, pudesse continuar a fazê-lo sem a obrigação de negociar com a direita. Isto só porque o egocentrismo dos partidos à esquerda do PS se sobrepõe aos interesses do país e do povo, que tanto dizem defender.

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