10/04/10

Criminosos II

Nada de novo. Mas será que ainda ninguém deu conta que nem sequer está em causa o afastamento do padre ou o tempo que demorou? Qualquer cidadão, seja ele padre ou não, ao tomar conhecimento dos abusos, deve dirigir-se à esquadra de polícia mais próxima. Nem mais, nem menos.

29/03/10

Criminosos

A Igreja Católica, para além de opinar sobre política, sociedade, etc. ainda se julga no direito de opinar sobre a vida íntima de cada um, sobre aquilo com que devemos envolver ou não os nossos órgãos sexuais e com quem se deve manter relações íntimas.
Quando é apanhada com a mão na massa, apelida de murmúrios as justas questões que se levantam sobre o encobrimento e até, em alguns casos, a cumplicidade da hierarquia católica no que se refere aos casos de pedofolia no seu seio. Na sua opinião, os outros não têm o direito de opinar sobre a sua estrutura, ainda para mais quando se trata do conluio na prática de crimes.

Nota: Embora pense que não seria necessário, farei esta ressalva: o problema não é a existência de padres pedófilos. Pedófilos, há-os em todas as profissões. O problema é o encobrimento por parte da hierarquia católica deste tipo de crimes. Qualquer bispo ou cardeal que tivesse conhecimento de um caso destes deveria comunicá-lo às autoridades, e não tentar escamoteá-lo. Quem fizer o contrário, é um criminoso.


Adenda: curiosamente, depois de escrever este post, li o artigo de hoje de Ferreira Fernandes no DN, que, com a qualidade a que já nos habituou, descreve precisamente aquilo que penso e descrevo acima.

15/03/10

O verdadeiro problema

O problema não é que a proposta exista, Hitlers e Estalines  disfarçados há-os em todos os lados. Os putativos líderes opõem-se, e bem. O problema são as pessoas com responsabilidades políticas que acham bem e, sobretudo, o facto de que no segundo maior partido português, apenas 14% se opõem a uma medida de carácter anti-democrático. Isto diz muito do PSD e, em certa medida, do nosso país.

05/03/10

Isto sim, seria o princípio do fim

Se Sócrates apoiar Alegre, terá de pedalar muito para me voltar a convencer a votar nele. Não são os casos de consistência balofa, como as faces ocultas e os freeports, que norteiam o meu sentido de voto. Eu gosto de política a sério, e nada, mesmo nada, de ataques infames com a colaboração de jornalistas e magistrados corruptos.
Como este é um caso de opções políticas, Sócrates desilude-me muito se apoiar Alegre depois da sua atitude cobarde, chantagista, vingativa e de vil aproveitamento da sua fortuita fortuna eleitoral nas últimas presidenciais. O seu silêncio em torno do assunto das escutas é mais uma prova da sua cobardia, afinal o poeta sempre se cala...
Sócrates já demonstrou no passado que tem a coragem de tomar decisões difíceis e polémicas junto de certos sectores da sociedade e do próprio PS. Espero que não se entregue ao facilitismo agora. Daria um sinal muito positivo ao país se não apoiar Alegre.

17/02/10

Fotocópia bem tirada

Não tenho andado com muito tempo para escrever, deixo aqui o excerto de um excelente texto do Valupi, que merece ser lido na íntegra (sublinhados meus):
"Com Mário Crespo o circo instalou-se na Assembleia da República. Eis um colosso de egolatria e devassa. O número das fotocópias mostra o seu desprezo pela instituição que o convocou, tratou os deputados como público para a sua actuação. O número da camisola revela um inimputável a desafiar a dignidade de um concidadão que, paradoxalmente, está limitado pelo poder que representa. Mas foi o número de caixeiro-viajante que me fez bater palmas frenético. O cabrão teve o descaramento de sacar do seu livro e fazer a promoção do mesmo no meio de uma comissão parlamentar aonde foi chamado a prestar declarações acerca da liberdade de expressão e de imprensa."

12/02/10

É o corporativismo, estúpido

Uma providência cautelar é um mecanismo previsto na lei. Cabe aos tribunais dar-lhe, ou não, seguimento quando uma é requerida. Nunca ouvi nenhum jornalista ou director de órgãos de informação criticar a lei das providências cautelares.
Os processos de difamação são mecanismos previstos na lei. Cabe aos tribunais avaliar o processo e decidir em conformidade. Nunca ouvi jornalistas ou directores de órgaos de informação criticar a lei do direito ao bom nome. Aliás, já vimos alguns fazer uso dela.
Para estes, exercer direitos previstos na lei, quando envolve jornalistas, é censura.

10/02/10

Felizmente, também ninguém morre de estupidez

"é óbvio que se se legalizar o casamento [do mesmo sexo] ninguém morre (...) Assim como ninguém morre quando começa a fumar ou a beber...portanto ninguém morre nesse momento mas há certas coisas que podem fazer mal aos indivíduos e às sociedades."
Jonathas Machado, constitucionalista, Plataforma Cidadania e Casamento

01/02/10

Debilidades

Ficámos a saber hoje por Mário Crespo que Sócrates, para além da sabida influência na TVI (em que José Eduardo Moniz saíu para a empresa que acabou por comprar a... hum... TVI), conseguiu mandar no Público sem meter lá dinheiro, conseguindo ultrapassar as dificuldades na altura criadas por Belmiro de Azevedo.
Por último, para dar relevo também às suas qualidades, a ser verdade o teor da conversa, o primeiro ministro possui uma fina capacidade de psicoanálise.

22/01/10

Os tomates no sítio (ou a falta deles)

Não sou jornalista nem conheço em detalhe o código deontológico que rege esta profissão.
Mas tenho o que se costuma chamar "dois dedos de testa". O parecer do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas sobre as "escutas" de Belém, que merece ser lido na íntegra, é um bom resumo de tudo o que se passou à volta desse assunto.
O que quero realçar é a falta de coragem do mesmo nas suas conclusões no que respeita ao DN, que passo a citar:
"Os jornalistas do «Diário de Notícias», particularmente o seu director, merecem reparo por não terem observado de forma mais rigorosa a qualidade de uma notícia sobre um aspecto controverso, quer na sua matéria quer na origem dos factos. A urgência da publicação não pode derrogar o cumprimento dos diferentes requisitos profissionais, nomeadamente os que se referem às fontes."
Isto, no mesmo texto em que confirma que a fonte da notícia foi Fernando Lima e que o email do Público é "existente e genuíno". Porque é que o DN merece um reparo, embora ninguém tenha desmentido as informações por ele veiculadas nem negado a relevância pública do assunto? Quando nem sequer viola nenhum ponto do Código Deontológico, ao contrário do "Público" que viola vários?
É o políticamente correcto, critica-se uma parte (com razão no caso do "Público"), portanto fica bem fazer "reparos" à outra parte, só para dar um ar de  alguma imparcialidade. Ora porra, a isto eu chamo falta de tomates, porque uma análise isenta terá sempre de ser também uma análise corajosa.

20/01/10

Olha, emigra antes tu e nós cá nos havemos de arranjar

O artigo de Vasco Graça Moura de hoje no DN merece-me em igual medida, repugnância e riso descontrolado. Na senda dos seus anteriores artigos, que apenas e só insultam todo o povo português, incluindo os que não votaram no actual governo, descreve-nos como "uma sociedade invertebrada, inconsequente, irresponsável e de um analfabetismo político encarapaçado, uma sociedade cujo desenvolvimento canceroso uma governação assim se tem preocupado em estimular" e que "não precisa de mais do que aquilo que já tem".
Passando por alto os ataques e calúnias dirigidos a este e anteriores governos, sem demonstrar um só facto que suporte a sua teoria, acaba com a hilariante profecia, qual Zandinga, sobre o futuro do nosso país:
"Infelizmente, os iberistas de serviço verão a sua posição triunfar deste modo ínvio. Por obra e graça de desacreditada governação socialista, Portugal está a caminho de se tornar na 18.ª autonomia espanhola, a mais periférica, a mais desinteressante e a mais pobre."
Vasco, esta sociedade de facto não te merece. Olha, porque é que não te antecipas a esse fatalismo da perda de identidade nacional e emigras já para outro lado? A gente cá se há de arranjar.

15/01/10

Ele não dá ponto sem nó

Cavaco Silva vai atribuir uma condecoração a Pedro Santana Lopes pelos seus “destacados serviços prestados ao País no exercício das funções dos cargos que exprimam a actividade dos órgãos de soberania". Lê-se na mesma notícia que este era o único antigo primeiro-ministro que não fora agraciado com tal condecoração.
Parece, então, que basta ter sido chefe de governo para ser alvo dessa distinção. Isto porque, a avaliar por este exemplo, para diferenciar os bons dos maus, separar o trigo do joio, não é com toda a certeza.


Mas como o inquilino de Belém não dá ponto sem nó, aguardemos os resultados do próximo congresso do PSD...

14/01/10

Monarquia Impopular

Excelente artigo do Ricardo Araújo Pereira - aqui

11/01/10

As esquerdas

Comentário meu a este post do Renato Teixeira sobre este post do Daniel Oliveira:

Entre a posição do Daniel e do Renato, fico com a do Daniel, sem qualquer margem para dúvidas.
A minha área ideológica é a esquerda do PS, mas não dos partidos que a representam. O Daniel, na minha opinião, aproxima-se mais daquilo que defendo, a construção de pontes de entendimento com o PS, com a esquerda, até porque esse entendimento é melhor para nós, de esquerda, porque as alternativas são apenas duas e nenhuma delas animadora. Uma é o PS, no poder, negociar com a direita. A outra é dar a hipótese da direita governar, o que, com o extremar das posições de PSD e CDS, aproximando-se do seu congénere espanhol PP, se afigura terrível.
O Renato, no meu ver, representa a esquerda que prefere a “revolução sonhada a revolução nenhuma”, o que é uma boa definição do comportamento da esquerda à esquerda do PS na vida política portuguesa. Para que servem então os cerca de 30 deputados que têm em conjunto? Não o digo de uma perspectiva demagógica, mas antes pragmática. Para a aprovação de medidas de esquerda é preciso negociar apoios para que passem, ou não? Essa negociação tem de ter como base o peso eleitoral de cada partido, porque essa foi a vontade dos portugueses nas urnas. Só assim podemos fazer inclinar a “balança” para o nosso lado. Isto é simples, não é?
A tal “revolução sonhada”, considerar-se que ou se aplicam as nossas propostas ou proposta nenhuma, demonstra o preconceito de que se é o detentor da verdade absoluta. E eu sou defensor de uma esquerda sem preconceitos, em que os interesses do país se sobreponham aos do seu próprio umbigo.
O mesmo se aplica às eleições presidenciais, onde tenho uma opinião diferente dos dois intervenientes, mas fica para um outro post.

Abjecções de consciência

No seguimento disto, proponho que seja criada toda uma lista de objecções de consciência para funcionários do registo civil, para a qual contribuo com as seguintes propostas:
- funcionários não católicos devem poder recusar registar nomes como Jesus, Fátima ou Conceição
- funcionários xenófobos poderão negar o cartão de cidadão a estrangeiros ou efectuar casamentos entre pessoas de raças diferentes
- funcionários com bom gosto podem também recusar o registo de nomes como Cátia Vanessa ou Cristiano Ronaldo

09/01/10

Honestidade intelectual

Grande texto do Nuno Saraiva no DN. A sua posição não corresponde à minha sobre o assunto em causa, mas precisamente por vir de um opositor à lei aprovada, demonstra que se pode defender ideias e opiniões sem recorrer à desonestidade intelectual.

08/01/10

Avanço civilizacional

Hoje regista-se mais um avanço em termos de liberdade, igualdade e democracia.

E, como bónus, outra boa notícia.

07/01/10

A demonização do PEC

O Pagamento Especial por Conta foi das poucas medidas louváveis que Manuela Ferreira Leite lançou enquanto ministra das finanças. Não vejo a razão pela qual é agora demonizado pela mesma e pela direita em geral. Dizem-nos que já não faz sentido neste contexto, mas porquê?
Os trabalhadores por conta de outrem também vêem ser-lhe descontada todos os meses uma percentagem do seu ordenado a título de IRS. Sendo que não se apurará o total de imposto a pagar até Maio do ano seguinte, o que é isto senão um pagamento por conta?
Argumenta-se com o contexto da crise, mas é uma falácia, por vários motivos. Em primeiro lugar porque esse pagamento vai ser deduzido ao IRC a pagar no ano seguinte, portanto nao é um imposto adicional. No caso da empresa apresentar prejuízos, este montante poderá ser deduzido de IRC a pagar em anos futuros. Em segundo lugar, na minha opinião, uma empresa que não possa suportar 1% da sua facturação em impostos, então tem problemas graves e deveria ponderar a sua existência. Quando se fala tanto em competitividade e eficiência, não queremos empresas que dêem lucro e paguem impostos? Por último, e como corolário dos motivos anteriores é uma medida com efeitos prácticos ao nível do combate à fraude e evasão fiscal.
Esperemos que não acabe, nem para já, nem num futuro próximo.

06/01/10

Ser de esquerda

Esta notícia é um bom resumo da actual situação política portuguesa. Algo que me entristece profundamente.


Os partidos à esquerda do PS, de há uns anos a esta parte, preocupam-se exclusivamente com o seu umbigo. Excluem à partida qualquer tipo de negociação, bem patente na posição do BE em relação ao orçamento de estado: tem "pouca expectativa sobre a real disponibilidade negocial do Governo". O PCP "reclama uma mudança completa de políticas para “inverter um caminho que se revelou desastroso para o país”". Os sindicatos preocupam-se mais com os interesses deles próprios que os dos trabalhadores que supostamente representam. Tudo em nome do reforço eleitoral. O problema é que os seus eleitores vêem os seus votos desperdiçados, porque estes partidos dão oportunidade à direita para influenciar as decisões do governo. E ainda terão o desplante de dizer que Sócrates não é de esquerda, porque negoceia com PSD e CDS, mas que outra alternativa lhe resta?

O partido comunista espanhol dá o seu apoio ao governo de Zapatero por dois motivos, para impedir que os radicais de direita do PP voltem a governar e influenciar algumas das decisões do executivo. Os seus meros 2% influenciam mais a política espahola que os mais de 15% dos votos do PCP e BE em Portugal.

Sou de uma área ideológica mais próxima destes dois partidos, mas não pactuo com a irresponsabilidade pela qual pautam a sua actuação. Na minha opinião, Sócrates é o primeiro ministro que mais medidas de esquerda fez aprovar na nossa históra recente e seria bom que agora, sem maioria absoluta, pudesse continuar a fazê-lo sem a obrigação de negociar com a direita. Isto só porque o egocentrismo dos partidos à esquerda do PS se sobrepõe aos interesses do país e do povo, que tanto dizem defender.

05/01/10

Fia-te na virgem

Esperemos que as declarações do Papa contribuam para sossegar Cavaco Silva, como bom católico que é, nos seus diagnósticos pirotécnicos sobre a situação do país.
É simples, não confiar em prognósticos e trabalhar sob a graça de deus. Sem este guia espiritual, não sei o que seria da minha vida.


PS: a propósito da mensagem do PR, muito interessante a leitura deste post sobre o défice externo e a sua relação com o défice das contas públicas. (via Jugular)

04/01/10

Fundamentalismo


Sei que os textos de César das Neves não merecem à partida grande atenção por parte de alguém com um mínimo de inteligência. Porém, dado que o que este escreve no seu artigo de hoje no DN reflecte muito do que tenho ouvido e lido ultimamente aos opositores ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, vou-me debruçar sobre algumas dessas questões.
Passando por alto a atribuição do epíteto de "homicida" ao governo, e, já agora, à maioria das pessoas que votou no referendo à questão do aborto, César das Neves brinda-nos com uma concepção do actual modo de vida digna do melhor humor. Non sense, claro está. Discorre sobre "máquinas de controlo mental", comandadas por não se sabe quem, às quais, ele, iluminado, consegue sobrepor-se. Sendo esta a razão que nos faz aceitar sem grande sobressalto a alteração à lei do casamento, algo que é, segundo o próprio, uma alteração muito mais radical que uma revisão constitucional. Neste ponto posso até concordar, já que o avanço em termos de liberdades direitos e garantias é maior do que na maioria das revisões já efectuadas à lei fundamental.
Mas, o que me faz comentar este artigo em particular é a parte em que JCN considera o governo como "patético insistindo na lei perante a desgraça dos desempregados, descalabro financeiro, apatia geral." Os opositores à lei que consagra o casamento entre pessoas do mesmo sexo primeiro eram contra, depois, quando os votos na AR já não chegavam para travar a lei, queriam referendo, depois, era a questão da adopção, que este continuaria a ser um casamento de segunda, e por aí adiante. Até que chegamos ao argumento bacoco de que esta não é uma questão essencial e que há outras questões mais importantes como o défice e o desemprego. E é este o argumento que mais vemos ser explorado pelos partidários do não.
Curioso é que JCN diz no mesmo texto, com o desplante de quem não acabou de escrever os parágrafos anteriores que " mudar o casamento faz-se numa simples manhã, entre dois decretos polémicos". Ora aqui está a verdadeira questão. Na AR discute-se legislação todos os dias, sobre os mais variados temas. Não é por se aprovar este diploma que o desemprego, o défice ou a reforma da lei sobre os coutos de caça vão ser descurados. Esta é uma das grandes mentiras que se vai ouvindo cada vez mais a estes improváveis fãs de Enver Hoxha, famoso por se dedicar a uma política de cada vez.
PS: deixo, talvez para outra vez, a análise da sua visão sobre os últimos 200 anos de história, que não deixa de ser também hilariante.

Kick-Off

O muita paprika é um blog que nasce sem nenhum outro propósito que não seja o de dar largas à vontade de escrever e partilhar as nossas visões e opiniões sobre o país, o mundo e, para dizer a verdade, o que nos vier à cabeça. Mas só à nossa, não à de mais ninguém.

Queremos que este seja um espaço de opinião "com muita paprika". No entanto, promovemos a cultura de condimentar sempre q.b. sob pena de arruinar os restantes ingredientes que compõem o produto final.

Damos as boas vindas a todos quantos nos derem o prazer de nos ler e comentar.

Vamos a isso.